terça-feira, 6 de abril de 2010

Pilar


“A amizade é a página mais linda da vida. Tudo passa. Tudo acontece. Mas os bons momentos, a gente nunca esquece.” Adriana Mayara
Coisas que já nem são lembradas, momentos vividos e arquivados na memória. A inconstância da vida e suas sutilezas... Arrepio!
É arrepio a definição mais próxima do que senti há pouco. Quanta saudade intrínseca!
Em poucos instantes, cenas de parte de minha vida foram se apresentando, concomitantemente, de modo a me fazer voltar no tempo e abraçar a saudade de coração limpo. Cartinhas fraternais de amor. Sim, amor é a essência do que sinto pela autora das cartas. Nossas tantas brincadeiras infames, nossos tantos embaraços amorosos, nossas tantas vividas aventuras, nossas máximas de “que mico” e “dane-se”, nossos tantos arrepiantes planos, nossas encrencas mal resolvidas para com os outros. Os outros e só! Nós éramos o protótipo da união, da amizade, da, digamos, perfeição. Se o amor tivesse registro, decerto, seríamos o número 01.
Foram três as que me restaram. As cartas. A primeira lida foi a mais engraçada de todas. Falávamos de romances com nossos “paqueras”, enquanto estes estavam conjugados em pseudônimos femininos. Lembro-me bem de que um amigo nosso pegou essa cartinha e disse algo como “por um minuto, tive dúvidas quanto à sexualidade de vocês”. Foi uma graça só. Mas o mais cômico, e muito mais entorpecente, eram nossas angústias do tipo “é o fim do mundo”, ou pior, “acho q vou morrer”.
Incentivo, força, amor, proteção, confiança, bem estar, clareza. Sem dúvidas, uma amizade sem limites.
Por tantas vezes, não soube o que fazer;
Por tantos motivos eu chorei;
Por mil sermões que ela me deu;
Por mil maneiras me compreendeu;
Por cem mil milhas... Ou mais que isso,
Seria o meu destino, sem pestanejar.

E a vida perdeu um pilar quando passamos a conviver menos. A constância, devo admitir, era uma forte aliada. Mas eu digo, sem medo de errar: nada mudou em mim. Sou a mesma. Ingênua até certo ponto, criança um momento também. Mas, a amiga de sempre – e mais que sempre – está e estará sempre. A liberdade que me proporcionaste foi singular. Irradio-me, sempre, quando me lembro das nossas mil e uma noites de conversa antes de dormirmos, das nossas horas irremediáveis ao telefone (nossas mães que o digam), nossas tão pautadas histórias a contar sobre nós mesmas. E o mais importante: sempre ouvintes fiéis uma da outra.
Terás sempre minha fidelidade, minha paciência, minha dedicação, minha amizade. Minha constância, mesmo que distante. Tua felicidade faz a minha. O que sinto por ti é por uma irmã. Tenho-te sempre em meu coração. O gritante e saboroso é saber que de dentro de uma, esconde-se a outra. E por fora, a magia da amizade navega devagar, flutuando e cantando como uma leve brisa num dia de outono.

Minhas falhas lembranças são verdadeiras. E eu estimo muito você. Nem imaginas o quanto.
Continuas sendo minha visão de amizade.
Afinal, quem conhecia uma, era óbvio que conhecesse a outra. Pensou em Adriana, pensou em Bárbara.
“Quando penso em você, fecho os olhos... Que saudade!”

Antes, te via todo momento.
Tua voz e tuas idéias me eram constantes.
E nossas razões caminhavam juntas.
Agora, apenas te vejo virtualmente,
Tua voz quase que se emudeceu para mim e,
Nossas idéias espalharam-se pelo vento...
E, no entanto, o esplendoroso sentimento ainda existe.
É, definitivamente, forte.
S2

Quero dedicar tudo que escrevi a esta grande pessoa intensa em minha vida, que, por o destino ser infiel, termos perdido aquela constância de antes, embora eu saiba, dentro de mim, que a afinidade de sempre continua a existir.

De uma singela amiga.






"Hoje somos jovens, felizes e amigas. Amanhã não seremos mais jovens, talvez nem feliz... Mas sempre amigas!"

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