terça-feira, 27 de abril de 2010

Devaneio Inconsciente

Suponho ser real. Não sei. É como uma força maior, mas não vejo realidade nela. Não é nem bem realidade, mas sim coerência. Falta coerência. Acho que coerência chega mais próximo do que não há nesses pensamentos, nos quais eu busco, crio e sinto a imagem perto de mim. Com atitudes, anseios e carinhos.
Ah, esse êxtase ímpar, que é só meu, e a sensação, que me eleva, me trazem paz e me fazem sentir leve... Uma ausência de gravidade única! E o lampejo? Esse, certamente, é o gás de toda a graça que me traz sorrisos inocentes e imaturos, sem contar nos sonhos anestesiantes e nos pensamentos alucinógenos.
É um tipo de droga, que te ganha, te prende, te devora. E, inicialmente, você pouco sabe, ou acha que sabe, sobre ela. Um caminhar às escuras.
Mas, se às escuras é, como saber do meio e fim, quiçá do começo?
É tão estranho. Sensação boa, mas estranha. É tão complexa que por vezes não sei sequer organizá-la em pensamentos. É confuso.
Enfim...
Não dá para pôr em palavras...

Doce ilusão alheia

Não vou ceder, por pressão ou opressão que seja. Não vou deixar que guiem meus pensamentos e minhas atitudes. Menos ainda meus sentimentos. Não poderão, sequer, compartilhar de minhas idéias. E não irão, sob hipótese alguma, exigir de mim aquilo a que todos que prezam pelo bem comum e estável defendem, se eu não achar coerente. Não sou, não sei e não quero aprender a ser de papel. Artificial. Uma moeda bonita e sem valor. Sou o que sou. E sempre serei. Sempre estarei me aperfeiçoando em tudo que acredito. Minhas crenças são protegidas por direitos autorais. Minhas atitudes são respondidas com responsabilidade. E caso não haja responsabilidade, ainda assim as responderei. Pois sou justa. Minha sanidade pode ser, para eles, irregular. Mas quem pode definir o que é certo e errado nos princípios humanos e sentimentais? Eu sei ser sincera, sei dialogar para entender e passar idéias. Sei como ser feliz. Embora tenha me resguardado num murmúrio de sofrimento por um tempo, consegui me livrar de um cárcere e não vou entrar em outro de forma alguma. Tenho minhas idéias e meus ideais. Sou humana e quero algo perfeitamente natural: a felicidade!
Lamento se não agradar, mas eu sou assim. Sou de postura. Não sou irredutível, mas defendo tudo que eu realmente acreditar até o fim. Custe o que custar. E, acima de tudo, me defendo sem relutância.
Nem se iludam supondo que poderão me submeter a qualquer que seja a opressão. Eu não concedo minhas idéias e atitudes. Não vou ceder a quem não sabe o que é liberdade. E, principalmente, não me concedo a vocês!
Eu quero paz!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

De que valem as cores...




... sem a essência?

domingo, 11 de abril de 2010

Desabafo de um ex-bicho-grilo

Hoje, lá no trabalho, conheci um homem cuja fisionomia não transmitia preocupações gritantes. Ele deveria ter lá seus cinqüenta anos. Um proleta, posso defini-lo assim. Em dois minutos de conversa com ele identifique seu sujeito. Era um homem de vida simples, não sofrida, mas apertada. Era alguém pelo qual eu teria pena, ou, em outra essência, julgaria um pobre coitado. Mas, no entanto, perguntei- me se talvez ele não fosse lá mais feliz do que eu. Perguntei-me não, essa idéia palpitou em minha mente. Eu estava certo disso. Sua expressão não lamentava horrores, nem, menos ainda, reclamava evolução. Era um sujeito pacato.

Seus predicados não eram nobres, seus modos também não. Seu sujeito o entregara facilmente a mim, mas seus predicados me levaram a uma extremidade de pensamentos, nos quais as idéias sempre se encontravam em conflito. Curioso. Ele era feliz. Ele era pobre. Ele era ignorante. Era um ninguém. Um ninguém que despertara em mim uma curiosidade tremenda de conversar-lhe e conhecer-lhe a essência, os pensamentos, o nível.

E eu, com meus quase cinqüenta anos. Eu, com toda minha intelectualidade. Eu, que sempre fui gênio de mim e do mundo. O sempre admirado por todos. Aquele que a angústia constante e o conflito interno atingem forte e concomitantemente. Minhas preocupações são exacerbadas. Meus medos enormes. Minhas frustrações gritam como crianças famintas. Suponho que minha capacidade de pensar além do que me entregam fora a causa primordial de tudo isso. O que, por tabela, torna aquele pacato homem um sujeito de alegrias. Afinal, para os proletas, que vivem num mundinho limitado, qualquer honraria é mera coincidência e qualquer que seja o esforço, não vale à pena. Eles vivem daquilo que não escolhem e aceitam tudo o que lhes é imposto. Não por gosto, mas percebo que eles decerto não entendem bem o que se passa. Assim, acabam por levar a vida de forma rude e grotesca, por conformidade .

Penso cá, e lá, olhando para ele, sobre essas diferenças entre nós. Minhas preocupações, como já citei, berram. Pergunto-me todo dia se vou melhorar, se vou conseguir, o que deixei de fazer, como pude me transformar no meu sujeito, já que meus predicados eram mais subversivos. Penso ainda se ser bicho-grilo não coincidiria mais com minhas idéias. Mas não. Vivo numa sociedade que não me permitiu escolher se seria gente, ou se seria grilo. Esse ambiente exila – tenta exilar —qualquer manifestação de raciocínio, qualquer vestígio de inteligência. Qualquer que seja seu ponto de vista, pode ser um nado contra a corrente.

No caso do pacato homem, ele simplesmente não vai além do que eles querem que se pense, ou melhor, impense. Ache que pensa, melhor dizendo. Ele é do tipo que não contesta por não saber que precisa, ou que seja possível. Seja um incrítico. Aceite e ame sua vida, tal qual é. Animal, eu diria. Só que sem instintos. A qualidade não supõe vida e a quantidade satisfaz...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pilar


“A amizade é a página mais linda da vida. Tudo passa. Tudo acontece. Mas os bons momentos, a gente nunca esquece.” Adriana Mayara
Coisas que já nem são lembradas, momentos vividos e arquivados na memória. A inconstância da vida e suas sutilezas... Arrepio!
É arrepio a definição mais próxima do que senti há pouco. Quanta saudade intrínseca!
Em poucos instantes, cenas de parte de minha vida foram se apresentando, concomitantemente, de modo a me fazer voltar no tempo e abraçar a saudade de coração limpo. Cartinhas fraternais de amor. Sim, amor é a essência do que sinto pela autora das cartas. Nossas tantas brincadeiras infames, nossos tantos embaraços amorosos, nossas tantas vividas aventuras, nossas máximas de “que mico” e “dane-se”, nossos tantos arrepiantes planos, nossas encrencas mal resolvidas para com os outros. Os outros e só! Nós éramos o protótipo da união, da amizade, da, digamos, perfeição. Se o amor tivesse registro, decerto, seríamos o número 01.
Foram três as que me restaram. As cartas. A primeira lida foi a mais engraçada de todas. Falávamos de romances com nossos “paqueras”, enquanto estes estavam conjugados em pseudônimos femininos. Lembro-me bem de que um amigo nosso pegou essa cartinha e disse algo como “por um minuto, tive dúvidas quanto à sexualidade de vocês”. Foi uma graça só. Mas o mais cômico, e muito mais entorpecente, eram nossas angústias do tipo “é o fim do mundo”, ou pior, “acho q vou morrer”.
Incentivo, força, amor, proteção, confiança, bem estar, clareza. Sem dúvidas, uma amizade sem limites.
Por tantas vezes, não soube o que fazer;
Por tantos motivos eu chorei;
Por mil sermões que ela me deu;
Por mil maneiras me compreendeu;
Por cem mil milhas... Ou mais que isso,
Seria o meu destino, sem pestanejar.

E a vida perdeu um pilar quando passamos a conviver menos. A constância, devo admitir, era uma forte aliada. Mas eu digo, sem medo de errar: nada mudou em mim. Sou a mesma. Ingênua até certo ponto, criança um momento também. Mas, a amiga de sempre – e mais que sempre – está e estará sempre. A liberdade que me proporcionaste foi singular. Irradio-me, sempre, quando me lembro das nossas mil e uma noites de conversa antes de dormirmos, das nossas horas irremediáveis ao telefone (nossas mães que o digam), nossas tão pautadas histórias a contar sobre nós mesmas. E o mais importante: sempre ouvintes fiéis uma da outra.
Terás sempre minha fidelidade, minha paciência, minha dedicação, minha amizade. Minha constância, mesmo que distante. Tua felicidade faz a minha. O que sinto por ti é por uma irmã. Tenho-te sempre em meu coração. O gritante e saboroso é saber que de dentro de uma, esconde-se a outra. E por fora, a magia da amizade navega devagar, flutuando e cantando como uma leve brisa num dia de outono.

Minhas falhas lembranças são verdadeiras. E eu estimo muito você. Nem imaginas o quanto.
Continuas sendo minha visão de amizade.
Afinal, quem conhecia uma, era óbvio que conhecesse a outra. Pensou em Adriana, pensou em Bárbara.
“Quando penso em você, fecho os olhos... Que saudade!”

Antes, te via todo momento.
Tua voz e tuas idéias me eram constantes.
E nossas razões caminhavam juntas.
Agora, apenas te vejo virtualmente,
Tua voz quase que se emudeceu para mim e,
Nossas idéias espalharam-se pelo vento...
E, no entanto, o esplendoroso sentimento ainda existe.
É, definitivamente, forte.
S2

Quero dedicar tudo que escrevi a esta grande pessoa intensa em minha vida, que, por o destino ser infiel, termos perdido aquela constância de antes, embora eu saiba, dentro de mim, que a afinidade de sempre continua a existir.

De uma singela amiga.






"Hoje somos jovens, felizes e amigas. Amanhã não seremos mais jovens, talvez nem feliz... Mas sempre amigas!"