quinta-feira, 24 de maio de 2012


"O comportamento irracional, por sua vez, é derivado de crenças irracionais".

O sangue-nos-olhos do ódio-sem-fim de certas circunstâncias pode ser apaziguado com "a morte do autor" do ódio (muito especialmente quando este é um ser e tem plena consciência do que está fazendo - ainda que se trate de uma ação irracional por crenças irracionais, pois consciência em relação aos resultados e irracionalidade em relação à execução da ação podem ser coisas combinadas).
Mas nada de destruir vidas na realidade instituída: o negócio é matar todo mundo dentro de um conto urbano, ou na figura de um desenho-pintura, criando outra realidade, paralela e na vigência das suas próprias vontades, principalmente por ser um lugar de império da vontade individual, sem agressão aos direitos ou às vontades alheias na realidade instituída em comum..

Energia canalizada ao criativo..
Alivia - e, sim, ainda vai te proporcionar risadinhas de total hostilidade.

Afinal:
"o lugar da razão deve exceder ao princípio moral ou à ação irracional".


(hoje eu matei alguém - e há nanquim pelo contorno)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

21 de Março de 2012, Quarta-feira. Madrugada.

Uma urgência em te ter pertinho logo.
(talvez eu tenha a famosa [e clichê] pressa, o tal desespero, dos jovens, que têm em dez anos metade de suas vidas. E é isso suficiente para que se apressem em fazer suas vontades com certo desespero mesmo, refletindo a fugacidade da realidade que conhecem. A vagueza de certezas do que se pode chamar de "longo prazo" e a aflição de talvez não se conseguir realizar todos os 187 itens da lista de coisas a fazer antes dem morrer. O "aqui e agora". Já que, para eles, dez anos são todo o tempo que conhecem como metade da vida, o que, para alguns, pode ser o tempo suficiente da quase morte. Talvez ajude a justificar minhas vontades - cheias da tal pressa desesperada -, que, muitas delas, em suas infinidades, correm pra ti.)

- É o autor Saudade quem assina essa carta.

Eu diria agora que, olhando mais atentamente, minhas vontades se manifestam racionalmente e geralmente vêm cheias de sobriedade. Mas isso quando elas não têm nada a ver com você.

Anti-antídoto
da loucura,
traz, ele, em si
por todo o ser
- o ser em si, 
se fazendo em dois -
felicidade.

É você inteiro, nutrindo o autor-de-cartas outra vez: no aqui e no agora.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Há um tempo, venho tendo umas ideias e pensamentos aleatórios sobre coisas relacionadas à arte e como isso tem uma aura e uma "magia" por trás. Uma atração, mesmo.
Estive me referindo, nos últimos dias, a certas linguagens artísticas como sendo parte de "um mundo fantástico". Penso que algumas ideias que são, apesar de altas, nebulosas, precisam  de algo que funcionem como uma tradução, um canal, uma linha de esclarecimento em relação a tudo que a gente consegue sentir quando se trata de certas coisas - nesse caso, no que se refere às manifestações artísticas - e chega a construir, em pensamentos e ideias,  sem linearidade, ou lógica. Quase um planejamento independente. Uma dessas ideias aleatórias vem sendo construída, em parte pela ideia em si, mas considero que muito mais por que, talvez, tenha encontrado as pessoas certas pra desenvolver isso comigo e com tudo que isso traz. Essa parte das pessoas me trouxe à mente o fato de precisarmos das pessoas certas para conseguirmos fazer as coisas da melhor maneira. Em especial, pessoas amigas, com as quais possamos, tanto ouvir tudo que seja necessário, quanto falar tudo que seja necessário, numa construção coletiva.
Mas, enfim: o que me trouxe aqui foi a leitura de um texto incrível, parte de um documentário recomendado por um amigo em seu perfil do Facebook (depois de assistir a um filme bem bonito), numa tentativa de, registrando-o aqui, guardá-lo pela - agora - eternidade da Rede, além da memória. Pelo tempo...


"Existe alguma confusão a respeito do que a magia é realmente. Penso que isso possa ser elucidado se você apenas olhar as mais velhas descrições de magia. Magia na sua forma mais antiga é referida como "A arte". Creio que isto seja completamente literal. Creio que a magia é arte, e que essa arte, seja a escrita, a música, a escultura ou qualquer outra forma é literalmente magia. A arte é, como a magia, a ciência de manipular símbolos (palavras ou imagens), para operar mudanças de consciência. A verdadeira linguagem da magia trata tanto da escrita como de arte e também sobre feitos sobrenaturais. Um grimório, por exemplo, um livro de feitiços, é simplesmente um modo extravagante de falar de gramática. De conjurar um encantamento. É somente encantar, manipular palavras pra mudar a consciência das pessoas. Eu acredito que um artista ou escritor são o mais perto do que você poderia chamar de um xamã do mundo contemporâneo.
Creio que toda cultura deve ter surgido de um culto. Originalmente, todas as facetas de nossa cultura, sejam as ciências ou as artes, eram territórios dos xamãs. O fato é que, nos dias atuais, este poder mágico se degenerou ao nível de entretenimento barato e manipulação. Atualmente, quem usa o xamanismo e a magia para dar forma a nossa cultura são os publicitários. Em lugar de despertar as pessoas, o xamanismo é usado como um opiáceo, para tranquilizar as pessoas, para fazê-las mais manipuláveis. A sua caixa mágica, a televisão, com suas palavras mágicas, seus slogans, pode fazer com que todos no país pensem nas mesmas palavras e tenham os mesmos pensamentos banais exatamente no mesmo momento.
Em toda a magia há um componente linguístico incrivelmente grande. A tradição mágica dos bardos os colocava num patamar muito mais elevado que os magos. Enquanto os magos poderiam fazer sua mão se mover de forma engraçada, ou fazer você ter um filho com um pé de pau, um bardo não te amaldiçoaria. Ele faria uma sátira, coisa que poderia te destruir. E se fosse uma sátira inteligente, não te destruiria somente aos olhos de teus colaboradores. Te destruiria aos olhos de tua própria família, e aos teus próprios olhos. E, se fosse uma sátira finamente elaborada e muito astuta, o bastante para sobreviver e ser recordada durante décadas ou mesmo séculos, então anos depois de tua morte as pessoas ainda leriam e ririam de tua ruína e do teu absurdo.
Os escritores e as pessoas que podiam comandar as palavras eram respeitados e temidos como gente que manipulava a magia. Nos últimos tempos, creio que os artistas e escritores têm permitido serem vendidos, sendo levados pela maré. Aceitaram a crença predominante de que a arte e a escrita são simplesmente formas de entretenimento. Não são vistas como forças transformadoras que podem mudar um ser humano, que podem mudar uma sociedade. São vistas simplesmente como entretenimento, coisas com as quais podemos ocupar 20 minutos ou meia hora, enquanto esperamos morrer.
Não é o trabalho de um artista dar ao público aquilo que o público quer. Se o público soubesse o que quer, eles não seriam o público, e sim o artista. É o trabalho de um artista dar ao público o que ele necessita."

Arte y magia y sentidos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012


Que tal pensar sobre a manipulação do real, a partir de fatos isolados, ligados através de uma montagem articulada, a formarem, assim, uma lógica linear e convincente? Conveniências feelings e instituição de poder a partir de uma estória bem montada. Proporcionando, inclusive, uma pseudo-coerência, em que qualquer indício de desconfiança a ela é ultraje -- e é conveniente que seja assim concebida aos planos colocados à plena liberdade do agente (paciente?) receptor, o manipulado, o alvo.
A farsa-de-máscaras: engolida, digerida e absorvida. Uma conversa bem colocada, para um interesse bem garantido. Campo de visão ampla, livre e investigativa para quê?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Assim que a guapita pôs os olhos no guapito, que estava alí por perto, tombou in love e não soube bem o que fazer. Quis se aproximar. Ele estava escrevendo. Fotografou, desenhando com a luz, suas formas em segredo. Chegou perto, ofereceu um café, puxou assunto. Quis raptá-lo. Pegou-o pela mão e o conduziu, em direção a qualquer lugar, a ela mesma, ela mesma a ele; raptou-o sem planos, num impulso descontrolado e urgente. Improvisando. E, ainda que não soubesse, embora houvesse sentidos sem que pudesse refletir, também estava sendo raptada por ele: por seus olhos, seu sorriso, seu toque, sua presença. Pelo cheiro do qual não conseguia mais se desligar.

- Raptos não declarados pela urgência dos apaixonados.

E se raptaram felizes.
(O para sempre é relativo, mas "sempre" pode ser uma felicidade que preenche, fazendo com que se queira ficar "sempre" junto, porque se enlouquece de saudade à mínima distância. Talvez isso influencie na fama de loucura que os apaixonados carregam. Talvez não seja apenas fama-boato. Talvez enlouqueça mesmo. Uma loucura desejada. Uma loucura tão louca que não se quer mais largar, tanto do outro, quando da loucura pelo outro.)
Felicidade. E já a havia, entre os guapitos, no simples ato de darem as mãos um ao outro, o eu ao outro, um inteiramente para o outro, quierendose mucho.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

‎- Aos que tentam se promover a partir da criação de uma imagem intencional e direcionadamente construída, é bom saberem: a tentativa de se colocar essa imagem em evidência e iludir a percepção alheia é infinitamente menos difícil se compararmos essa tentativa ao fator manutenção dessa imagem, tal como o ser condizente ao que se coloca como sendo, ao ser imagem, não parecer imagem, evidenciando respaldo apenas através do - falso e hipócrita - discurso.E tenho dito!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ciências humanas aquém do aspecto de HUMANIDADES! (eu ainda acrescentaria a proposta de um pouco de reflexão sobre vida e, mais ainda, sobre Vida em maiúscula, no que se refere aos sentidos, no que se toca a sociedade constantemente aflita, em que se devia considerar a realização e a satisfação em se estar vivo. Penso sim, como tu, que poderia ser qualquer um de nós. Nós mesmos estudamos sobre os fatores sociais que influenciam essa atitude. Mas, além disso, eu me pergunto como conseguimos vendar os olhos para a questão humana que se tem nisso. Além de ciência: espiritualidade. Além de estudos: o sentir. Além de nós mesmos e nossos interesses: o outro. Penso, mesmo, que o mal estar na nossa sociedade tem chegado a proporções gigantescas. E me preocupo. E são tantas pessoas, tantos amigos, tantos desconhecidos e tanta gente querida que vive entre a gente. E a gente nem sabe. Ou melhor: não percebemos. Penso sempre no fator existência e acho não só envolvente, mas perturbante, essa questão do ser em si sem ser o outro. É só um desabafo, também, acompanhando aqui. São fatos - tristes fatos - como esses que agridem os sentidos de quem se importa. Se passa tanta coisa pela minha cabeça. Eu procuro não imaginar nada sobre a vida de quem se jogou. Mas aí fico pensando nas vidas que ainda vivem, ou acham que vivem, e me pergunto: até quando? Até quando viver será suportável para nós? Até quando, principalmente, aceitaremos como natural, nesse conformismo destruidor, a nossa realidade de MAL ESTAR, em pessoa, em ser, em essência, em sentidos, em VIDA - ou quase vida que pensamos estar vivendo -, quando muitos de nós morrem por dentro e aí nada ao redor os alcança, pois seus sentidos estão mortos? A minha maior preocupação é essa aceitação da destruição do espírito. E a culpa nem é nossa. Nosso meio nos proporciona o sentido individual de existir. Enquanto somos encorajados ao individual e a vestir a carapaça da indiferença. Um é fraco. Um é triste. Acho que até a nomenclatura HUMANIDADE está questionável. É conflito. É tensão constante numa pseudo humanidade conformada a existir sem vida. Seja literalmente, ou não. Eu escolho viver. Mas até as nossas escolhas para a liberdade sofrem coerção social. Pessoal. E alguns de nós, de tão frágeis, não aguentam. E convivemos com isso. Queria que todo mundo refletisse e pensasse, justamente como Walter colocou aqui, a que tipo de formação [deformação?] estamos sendo submetidos e, pior, estamos aceitando.)

Mais um ser que sequer conhecemos pulou [e quem sabe o porquê?] do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, da UFPE, o prédio-símbolo do abandono da vida. Do abandono do ser. Do ser humano. De ser humano. Humanidades? E não são as ciências humanas, mas o que fazemos com e para ela. O que o termo "humanidades" vem deixando de significar na vida dos estudantes, que, em sua maioria, vira a cara e finge normalidade diante do absurdo. Reflitamos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Tem essa coisa de algo só existir se você pensar como existindo. Ou de só poder ser pensado pela condição de existir - acho essa última meio limitada, porque acaba freando a capacidade de criação.
Aí vi uma frase hoje, aqui mesmo no Facebook, que me fez perceber que não sei se penso em você existindo, e aí então você existe, ou se penso em você porque você existe. Mas penso. E você existe. E penso em você porque você existe e, muito mais que isso: você existe porque eu penso em você. Mesmo que não exista, penso. Porque essa existência é uma questão de ponto de vista, ou melhor, de existir no pensamento. Você no meu pensamento.
Você.
(Ah, a frase foi: pensa em mim pra eu existir.)

:*****

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Essa possibilidade de abstrair e conotar todos os sentidos da saudade em uma única palavra - Saudade - é um mimo da Língua Portuguesa (pelo menos é o que está sob meu conhecimento). Fico imaginando ser isso uma consequência dela, essa palavra, estar na última flor do lácio. Essa questão da linguagem influencia no modo como alguém constrói socialmente a concepção do sentir e do se portar, do agir, diante da sensação, como também na maneira como se externa os sentidos construídos, em relação ao significado atribuído à palavra.
Considerando que Saudade abarca tantos significados, eu poderia bem leigamente concluir que nós, herdeiros do idioma lusitano, em se tratando de termos e sentidos, sentimo-la de maneira tão abrangente quanto tudo isso que se constrói a partir da linguagem: saudade.

E eu poderia colocar essa construção do sentido de "saudade" como sendo o céu e o inferno de quem se socializa através desse idioma.

E é também nesse sentido de construção que aprendemos o que significa uma palavra, mas para expressá-la e enquadrá-la no contexto do que se pretende exprimir, é preciso que se abstraia seu sentido, que se compreenda além de um juntar-de-letras qualquer.
É uma imersão.
Linguagem é sentir.

[Saudade é sentir saudade...]

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Carta-saudade

Bateu uma vontade agora de te dizer que tu é uma das pessoas mais inteligentes, belas e queridas que eu conheci na vida! E uma das que eu mais sinto falta, e de uma maneira diferente, porque é uma falta gigante que só aumenta. Me pego direto querendo a presença da amiga, do meu espelho, da minha consciência, da quase-eu, de tanto que tava unida por tudo.
Eu poderia dizer: que me perdoem todos os meus outros amigos, também queridos, mas Adriana é aquela por quem eu voltaria no tempo. Porque eu sinto falta até, e muito, das nossas conversas antes de dormir.
Um dia desses estive pensando como eu pude não ir pro Salesiano contigo, como eu pude ser fraca em relação a laços sem presença, como eu sou uma amiga ausente e travada. E frente a isso, tenho em mim tanto carinho e afeto, é tanta importância que eu coloco em ti, Adriana, que eu nunca entendi como eu aguento não falar todos os dias contigo, via internet, via telefone, via face to face. Amanhã vai fazer um ano que você veio passar férias aqui. Eu queria contar que eu tou com o dia 2 de Julho encravado na minha cabeça faz um tempo, ontem até comentei com um conhecido que tinha alguma coisa pra fazer, 2 de Julho, "eu sei que tem algo", e aí por isso talvez não pudesse ir a uma festa que vai acontecer nesse dia. Era isso: um ano que se completava da tua chegada de volta, aqui.
Tua amiga abestalhada, essa Bárbara, tá toda cheia de saudosismo. Talvez um desejo de que esse dia 2 tivesse se repetindo, como uma preparação do espírito pra receber a amiga que há um ano estava vindo, chegando, ficando perto: Presença.
Mas não vem. Não sei quando vem.
Então vamos marcar um tempo pra vir: o tempo-logo!

Tou aqui, lembrando de um fragmento clichê de Lispector:
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas as vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: Quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Me sinto tão palhaça, agora. hehehe

Fique bem, se cuide sempre, estou pensando em você, te mandando bons pensamentos e sentimentos felizes, porque é sempre feliz lembrar da minha amiga tão imensamente querida. Te quero um bem gigante. E paz e tudo o mais que for possível de existir. Leveza.
Beijos, mon amour.
Não esquece que te amo sempre. :*

 

[N'oublié jamais que je t'aime pour la vie e pour tout que nous sommes. Pour tout que je suis e pour tout que je peux être pour te connaître. <3]

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pode ser que o encontro com a obra nos mantenha, pelo menos um pouquinho, em contato com o criador da mesma. Pode ser. Mas será? Há quanto tempo o criador já não é mais a obra; a quantas anda o novo criador, embora a obra já tenha um dia refletido seu estado de bem ou mal estar, seu momento, o modo de ver a realidade que se concebia num momento ao qual talvez nada mais tenha a ver. Pode ser.
Enquanto eu saio em busca de encontrar gente, que nem tem como encontrar de fato - e 'de fato' remete a definir o que vem a ser 'encontrar' -, o que posso ter são intermédios com sensações propiciadas através de alguma coisa criada, que um dia já refletiu parte da pessoa. E aí os meus sentidos enganam-se em pensar que aquela presença projetada pode ser tida com realidade - e aí mais uma vez caberia um 'defina realidade'-, porque levando em consideração até uma obra contemporânea desse criador, o ser já não é mais o ser que se foi pouco tempo depois, poucas experiências e vivências após e a criação.
E eu nem sei porque estou aqui no blog, escrevendo sobre isso. Talvez necessidade da presença, que obra nenhuma, nem mesmo fotos - porque nem mesmo as fotos captam a imagem exata, considerando que logo após o clique, já se existe alguma mudança -, conseguiram suprir. Talvez necessidade da presena do que não pode ser visto: o invisível-sentível-essencial. Que, me parece, nem sei do que se trata, nem se existe sentido nessa de presença, nem se cabe essa coisa de impronunciar, pela condicionalidade além da escolha que é o de não se encontrar maneira de dizer o indizível. Talvez. [o que também pode ser somente - 'defina somente' - estresse, o que me tem chegado, indesejado e chato, sabe né?]
E aí, me coloco aqui, a escrever coisas que em pouco tempo pode ser que nem me reflitam mais...

[e acabo de escrever, após uma madrugada inteira de um estudo quase negligenciado pelo desânimo + preguiça + sono. logo... ah!]

sábado, 4 de junho de 2011

Fagocitose

Meu romântico Jack, por André Lucas Fernandes, no Eu Também Quero Falar.
(boa sorte com o Wordpress. hihi)

"A cena se desenrolava ao som de alguma coisa de Bach, ou era Tchaikovsky, talvez Vivaldi… Verdade é que não importava.
Tipos dos manuais “bem acabadinhos”, psicanálise “certinha”, cuidado, o personagem que agora se apresenta, nem gostava de música clássica. Não era uma “moeda humana”: ovelha em casa, lobo na rua. Esqueça, leitor, veja bem: esqueça suas idéias classistas ideológicas, seus conceitos leigos que se adornam de razão absoluta.
O que se processava era um rito, que não levaria a lugar algum. A mesa velha era um altar, no centro da arena. Era o poder inabalável. Lá, Jackson era universal: ele e você, ele e eu – todos.
Pelas paredes, os mais diversos apetrechos foram colocados cuidadosamente: perfurantes, cortantes, esmagadores. Diversas possibilidades, combinações e potencialidades. Um grande exercício de criatividade.
Jackson, ou Jack – já que somos íntimos agora – era um visionário, um pensador. A aparência um tanto bagunçada não era constante. É que em épocas de euforia (como a que observamos) ele ficava ‘desleixado’. A imagem de maltrapilho, o fedor (que ele não percebia) também se enquadram nessa situação. Ele não era pobre, um miserável pária. Não tinha documentos, mas nada acontecia por isso. Era um invisível, imune às amarras do controle social. Um homem que, rompendo com o pacto de sociabilidade, fabricou a sua própria apartação.
Jack abandonou até o título de ‘homem’, é bem verdade. Tampouco se percebia como coisa. Pergunto-me, aqui entre nós, se ele era capaz de auto-observação… Não sei.
O espelho do lado oposto mostrava no peito a frase tatuada: “Eis o filho preferido…” E ele era.
Tudo isso, toda a cena, as imagens produzidas existiam de caso pensado. Jack era um apaixonado e sua vida era perseguir essa emoção profunda, indecifrável fruição. Não era paixão própria, entendam – não levantem a pecha do narcisismo. Ele era generoso, muito humano.
Uma frase marcou a vida de Jack: “Existir é uma violência.” E Jack existia e percebia a existência dos outros. O entorno machucou Jack a vida toda, mas ele nada fez para merecer isso. Ele era um curioso (e essa curiosidade também o violentava).
27 anos. Ele também era um ‘cansado’. Contavam três anos desde que Jack decidira reagir…
Ele queria entender o porquê de tanta violência. Intuiu que o corpo era a origem e que a história servia como a narrativa do corpo violentado e violentador. Jack era graduado em Medicina. Exímio entendedor de Anatomia. E ele odiava adornos, floreios. Admirava a essência, a natureza das coisas.
Andava ao redor de seu altar particular. Já estava na hora de encontrar com a sua essência. Era a vigésima pesquisa e ele sabia que estava perto. Dessa vez, estava só: sem cobaias, sacrifícios… Hoje, iria entrar em comunhão com o corpo e com a essência da violência. O primeiro passo era romper o efeito ludibriante, o receptáculo.
Escolheu um punhal e enquanto perfurava a barriga era capaz de ver, perfeita, a essência, a dor, a violência. Epifania forçada na narrativa: Jack finalmente compreendeu seu papel. Qual fosse – violência em forma de resposta contra você leitor: o papel de papel nenhum."
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Não de coisa, mas “o papel de papel nenhum.”
É o que a gente sente quando não somos parte – de verdade, de sentido de ser – do que fazemos, não nos reconhecemos em tal, não nos reconhecemos em nós mesmos, menos ainda no âmbito social. Ah, porque o papel de papel nenhum é deixar de ser sujeito de criação, de re-criação, de obra-reflexo de si, da vida, na vida.
Jack, Lino se apx.

terça-feira, 24 de maio de 2011

(Ação é o que temos para, junto com o discurso, nos manifestarmos no espaço da aparência.)

Mas se colocando muito mais no sentido subliminar da coisa, porque somos sempre cheios de ação, seja ela latente ou manifesta. Somos muito mais esse conjunto, porque mesmo sem manifestar, aquilo que se encontra latente acaba – pra quem tenha lentes de suporte suficiente – por ser subentendido nas ações, que tentamos controlar. Latência, manifestação, aparência. Tudo que temos.

Além, um turbilhão de sentidos e gestos inconscientes de manifestação latente.

Tudo que somos: pessoas.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pra quando chegarmos à segunda lua cheia:

Tenho pensado tanto em você, vezenquando. E me parece tão urgente. Muitas dessas vezes, nem chego a formar de fato um pensamento. É uma energia que me vem, como ecos de pensamento, com percepção de sentidos - e pupilas desnudadas - e, principalmente, - e acho que isso envolva um certo teor de incerteza do que existe entre a gente, no sentido de tempo e do que de fato temos -, saudade. Te envio minhas boas energias: que recebas, que sintas, que seja doce, de multitons e bons fluídos - sentidos.


Te quero, muito.

Um beijinho cafeinado, um abraço maior do que a gente é, do que a gente pode ser. :*

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cartas: impressões corridas, literalmente.

"Dá vontade de escrever carta, dizendo coisas que as pessoas não dizem mais, porque seriam coisas que só se dizem por carta, não por telefone, e ninguém escreve mais carta, só telefona, e portanto há coisas que não são mais ditas entre as pessoas." #CaioF

E, entretanto, há pessoas que não conseguem se dispor nem aos telefonemas, mas que gostariam de que ainda existisse a vida, a liberdade das cartas, mas nunca se sabe como as cartas serão recebidas, ou, principalmente, como serão vistas, se serão bem-vindas (seria algo conveniente?). E se continua, seguindo na existência das coisas não-ditas, no silêncio de cartas jamais enviadas.

M'au'dernidade.

(Queria muito desenvolver o assunto, mas o tempo é curto, e o mundo material-real-responsável me chama de volta à prisão dos corpos, ao calabouço da mente que quer pensar, mas não se é permitido. Quarto 101, now!)